Natal, férias escolares e Carnaval atrasam 'operação de limpeza' na Rocinha.
A favela da Rocinha será a próxima área problemática invadida pela polícia e forças militares do Rio de Janeiro. A data ainda não foi escolhida, mas segundo o DN apurou, junto de fonte policial brasileira, "não deverá acontecer antes de Março" de 2011. Embora as autoridades cariocas digam ter conhecimento de que os traficantes da Rocinha estão a preparar uma resposta violenta.
Mas, neste momento, a prioridade é a estabilização do Complexo do Alemão, que foi invadido pela polícia e militares, no dia 27 de Novembro, para o 'limpar' de traficantes. Uma operação que resultou em mais de 30 detenções e na apreensão de armas e de droga. O local está agora a ser patrulhado durante as 24 horas do dia pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP).
Ao DN fonte da Polícia Civil do Rio de Janeiro explicou o porquê de, nos próximos meses, ser arriscado iniciar uma nova frente de combate. "Em primeiro lugar há que ter em conta que o Complexo do Alemão ainda não está completamente estabilizado e não será possível combatermos duas frentes activas. Em segundo, temos de pensar nas especificidades de cada época do ano. Até ao Natal seria apertado, em Janeiro é a altura em que as crianças estão a brincar nas ruas [por ser a época de férias escolares naquele país] e em Fevereiro o Brasil pára com o Carnaval."
Até agora as acções militares têm desencadeado elogios, mas também algumas críticas.
A polícia garante, porém, que, nos bastidores, cada uma destas grandes operações é preparada ao pormenor e que, apesar da farda, o sentimento que predomina é o receio de perder a vida. "Obviamente que existem pequenos erros porque não se trata de uma mera operação policial, é uma guerra", realçou um dos elementos envolvidos nestas invasões, acrescentando: "Após longa preparação é indiscritível a emoção que sentimos, não dá para pensar em nada. Quando chega a ordem de preparar dá aquele frio na barriga e só pensamos - será que vou morrer?"
No terreno, o ambiente é assustador até para quem vai em busca da paz nas favelas que se vêem cercadas de veículos e material de guerra. "Nem todos os polícias vão em blindados, só vão os que seguem na frente. Nenhum de nós conhece os locais, mas temos de percorrer viela por viela com medo de armadilhas" explicou a mesma fonte.
O objectivo destas invasões é o de instalar as UPP nos principais focos de tráfico de droga e armas do Rio. Até então, a polícia apenas entrava nestes locais para procurar os traficantes - que muitas vezes se conseguiam esconder - e voltava a sair, permitindo que os marginais continuassem a dominar os bairros.
Segundo a polícia carioca, nem a educação escapava aos traficantes. "Não podemos esquecer que eram eles que mandavam nas escolas, que só por si já funcionam de forma precária, e por isso, nenhum aluno poderia frequentar as aulas, se quem a dominasse fosse rival do traficante que mandava na área onde a criança vivia."
Fonte: Diário de Notícias de 09.12.2010