Agentes do sector querem videovigilância para garantir maior segurança no transporte e armazenamento de explosivos
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Há problemas de variada ordem no que diz respeito aos explosivos em Portugal. Ninguém levanta grandes questões quanto à produção, mas já há preocupações no que diz respeito ao transporte.
A lei estabelece que cargas superiores a 500 quilos devem ser acompanhadas por escolta. No entanto, perguntam alguns industriais, "qual é a diferença prática entre 495 e 505 quilos? Nenhuma e, no entanto, a primeira pode ser transportada sem o acompanhamento da polícia".
Por outro lado, se o camião for desviado, com prejuízo de vida para o agente, não há forma de o localizar posteriormente.
Por isso, a Associação Portuguesa de Estudos de Engenharia de Explosivos (AP3E) - que reúne fabricantes de explosivos e pirotecnia , empresas utilizadoras como pedreiras e obras públicas, e individuais como engenheiros ou técnicos - defende um acompanhamento em tempo real. Ou seja, os agentes do sector estão prontos para aceitar que o sistema de controlo de transporte passe a ser feito por GPS, o que permitiria à polícia e à empresa saber, a cada momento, a localização do veículo com a mercadoria e actuar prontamente em caso de problema.
José Carlos Góis, presidente da AP3E, refere que esta entidade "tem vindo a fazer uma reflexão a nível interno, nomeadamente por causa dos atentados terroristas, há mais de quatro anos". O transporte é, nesse âmbito, uma questão que está problematizada. "Já há empresas a funcionar com GSP, o que permite bloquear portas a partir da central", explica o responsável, defendendo ainda a existência de um "sistema compatível na PSP". Esta medida permitiria dispensar a escolta, "com vantagens em termos de segurança". Por outro lado, a adopção deste tipo de controlo permitiria à polícia acompanhar, à distância, "os períodos mais críticos do percurso".
O mesmo sistema de videovigilância, defende, poderia ser utilizado em paióis, dispensando também aí a presença de um guarda, obrigatória por lei em caso de armazenamento de sobras. "As empresas estão obrigadas a reduzir os custos e este sistema, podendo até ser mais eficiente nas questões da segurança, tem ganhos em termos económicos", explicou. Por outro lado, para sobras em uma obra que se estenda geograficamente (como é o caso de vias públicas), a AP3E defende a existência de estruturas móveis, paióis que pudessem ser fixados ao longo do percurso.
José Carlos Góis não tem dúvidas de que a questão do armazenamento tem que ser agilizada e que existem meios para isso. "O que é necessário é saber a quantidade que está em paiol e onde. E isso é possível com as novas tecnologias".
Estas posições da AP3E têm sido transmitidas à tutela. Industriais ouvidos pelo DN dão ainda conta de que estas matérias, relativas à segurança com os explosivos, foram já apresentadas a mais de um Governo nos últimos anos.
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