domingo, abril 22

Aumento da criminalidade grupal

2006 teve 391 085 crimes
Gangs atacaram mais de vinte vezes por dia
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No ano passado registaram-se 7595 crimes praticados por grupos – mais de vinte casos por dia.
Feitas as contas em relação a 2005, a criminalidade grupal aumentou 12,9% (mais 866 crimes), revelou o Relatório de Segurança Interna apresentado ontem pelo secretário de Estado da Administração Interna, José Magalhães, e pelo general Leonel Carvalho, do Gabinete Coordenador de Segurança.
O total da criminalidade participada subiu dois por cento.
A criminalidade grupal, segundo fonte policial, refere-se a todos os crimes praticados por três ou mais elementos – sejam eles autores de roubos, danos ou até crimes relacionados com tráfico de droga.
A par deste aumento verificou-se uma subida de 2% no total da criminalidade participada e na violenta e grave.
Para o aumento contribuíram os crimes contra as pessoas, como o homicídio, que subiram seis por cento (91 346 crimes), crimes contra o Estado, como desobediência (mais 7,3% com 5791 casos ) e os crimes previstos em legislação avulsa (mais 15,9 por cento, com 31 090 crimes), como o tráfico de droga.
A fonte contactada pelo CM acredita que em Portugal a criminalidade grupal está mais associada “a crimes oportunistas e não a uma criminalidade organizada”.
A maior parte dos crimes praticados em grupo assenta em roubos, furtos e actos de vandalismo. “É comum juntarem-se mais de três conhecidos e, numa noite, roubarem um ou dois carros, assaltarem pessoas na rua e estabelecimentos com recurso a armas de fogo”, disse a fonte.
Menos comum, mas “que existe”, são os denominados gangs que, para a polícia, pressupõem uma certa organização. “Têm uma hierarquia, actuam num território bem definido e têm símbolos”, descreveu.
É comum serem os líderes de bairros a dedicarem-se a crimes como a extorsão, imigração ilegal e tráfico de droga.
Também há grupos organizados que se dedicam a assaltos a ourivesarias, gasolineiras e outros estabelecimentos. “Um espera no carro, outro vigia o terreno e outros dois entram no estabelecimento”, disse.
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MOBILIDADE
O relatório mostra que os crimes em grupo aumentaram 7,9% na área da PSP (com 5380 casos) e 27,2% na área da GNR (com 2215 casos).
Para o operacional, este aumento pode estar relacionado com a facilidade em que actualmente nos deslocamos no País.
“Chegámos a deter suspeitos que numa sexta tinham roubado um carro na área de residência, em Lisboa, e que se tinham deslocado até Évora para uns assaltos e depois regressavam. É o chamado crime pendular.”
O facto de as áreas da GNR serem mais isoladas também as tornam mais tentadoras. E em grupo o sentimento de domínio é maior. Estes grupos têm, normalmente, entre os 25 e os 44 anos. Grande parte é oriundo de bairros problemáticos e pratica crimes noutras zonas.
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SEQUESTRO MAIS COMUM EM ROUBOS
Em 2006 registaram-se 556 crimes de rapto e sequestro, mais 118 do que em 2005.
José Magalhães disse que a maioria são sequestros: obrigam as vítimas a dirigirem-se ao multibanco ou sequestram distribuidores de tabaco. “O objectivo é sempre o roubo”, alertou o governante.
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TAXISTAS SÃO ALVO DE ROUBOS VIOLENTOS
Os roubos a motoristas de transportes públicos, nomeadamente a taxistas, aumentaram 51,7% (de 149 para 226), o que contribuiu pra o aumento de 2% na criminalidade violenta e grave.
Apesar das medidas adoptadas pelas forças de segurança – como o sistema Táxi Seguro – os taxistas continuam a ser os principais alvos de roubos violentos.
Para o aumento da criminalidade violenta também contribuiu a subida do crime de homicídio.
Em 2006 registaram-se 194 casos, enquanto no ano anterior havia registo de 161. “Ainda assim a PJ tem actuado com celeridade e há muitos casos resolvidos”, admitiu o secretário de Estado da Administração Interna, José Magalhães.
Por outro lado, os assaltos a gasolineiras desceram ligeiramente, de 224 para 222 casos – um decréscimo que José Magalhães espera ser superior no próximo ano graças às medidas de segurança, como a videovigilância, adoptadas pelos proprietários e pelas polícias.
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MAIS DE 200 MIL COM ÁLCOOL AO VOLANTE
Mais de 200 mil pessoas foram apanhadas a conduzir sob influência de álcool desde a entrada em vigor, em 26 de Março de 2005, do novo Código da Estrada, que agravou a penalização desta infracção.
De acordo com os dados da Direcção-Geral de Viação (DGV), entre 26 de Março de 2005 e 19 de Março deste ano foram passados pelas forças policiais 203 513 autos de contra-ordenação por condução sob efeito de álcool.
Entre as infracções consideradas muito graves mais cometidas contam-se também a ultrapassagem da linha separadora dos sentidos do trânsito (10 101 condutores), desrespeito do sinal vermelho (10 063 condutores), excesso de velocidade dentro das localidades (6584 condutores detectados com velocidades superiores entre 40 e 60 quilómetros ao limite permitido) e desrespeito do sinal de paragem obrigatória stop (3171 condutores).
As infracções mais comuns estão relacionadas com o estacionamento – 95 937 condutores parquearam em locais indevidos ou proibidos e 73 752 ultrapassaram o tempo permitido de estacionamento.
Nestes últimos dois anos tem-se registado uma diminuição do número de vítimas de acidentes.
Segundo dados da DGV, o número de mortos nas estradas desceu de 2128 (de Julho de 2003 a Março de 2005) para 1663 (de Abril de 2005 a Dezembro de 2006), uma redução de 21,85 por cento (menos 465 mortos). Nos referidos períodos registaram-se menos 4702 acidentes, com uma redução de 857 feridos graves e 5929 ligeiros.
No entanto, nos meses já decorridos de 2007 registaram-se mais 11 mortos do que em igual período do ano passado. Em Fevereiro foram cobrados 844 408 euros em multas contra 81 952 em igual mês de 2005.
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ALERTA PARA O TRÁFICO DE ARMAS
A nova lei das armas ainda não produziu “os efeitos pretendidos” no que se refere ao comércio ilegal, mas as operações policiais desencadeadas durante o ano passado dissuadiram outros “traficantes” e “consumidores”, concluiram os Serviços de Informações e Segurança (SIS).
Só a PSP apreendeu 1659 armas e mais de cinco mil foram entregues voluntariamente.
Apesar do desmantelamento de “pequenas redes ilegais de comercialização de armas, persiste a actuação de estruturas criminosas, de origem estrangeira”, alerta o SIS. Estas organizações conseguem vingar pela “sofisticação” e diversidade dos produtos que comercializam.
Outra conclusão do SIS refere-se à presença de grupos extremistas no País. Tal como no ano anterior, apesar de Portugal não ser um alvo prioritário, tem servido de plataforma “de apoio logísitico” para grupos que seguem a ideologia da al-Qaeda.
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DOIS ANOS DE INFRACÇÕES
- 35 171 condutores em excesso de velocidade (entre os 20 e os 40 quilómetros acima do limite) dentro das localidades.- 26 742 automobilistas em excesso de velocidade (entre os 30 e os 60 quilómetros acima do limite) fora das localidades.
- 12 930 condutores excederam entre 30 e 60 quilómetros o limite máximo de velocidade imposto por sinalização.
- 38 902 condutores e passageiros sem cinto de segurança. No caso de passageiros menores é uma infracção grave.
- 33 423 pessoas interceptadas a conduzir com auscultadores. A lei permite o uso de equipamento com apenas um auricular.
- 30 886 automobilistas foram autuados pelas autoridades por circularem em viaturas sem inspecção periódica.
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OS CRIMES QUE MAIS AUMENTARAM
Agressão: 39 240 (+1,9%)
Ameaça e Coacção: 19 394 (+7,2%)
Maus tratos a Cônjuge ou análogo: 14 232 (+30%)
Outros crimes de maus tratos: 1756 (+103,5%)
Violação de Domicílio ou invasão de propriedade: 1547 (+23,2%)
Furtos: 31 290 (+5,3%)
Furto em Residência: 23 314 (+6,7%)
Burlas: 5434 (+15,8%)
Falsificação de documentos, marcas e outras: 1700 (+4,2%)
Posse ou tráfico de armas: 1204 (+31,9%)
Desobediência: 3274 (+15%)
Condução sem carta: 20 235 (+22%)
Homicídio Voluntário: 194 (+20,5%)
Rapto, Sequestro e Tomada de Reféns: 556 (+26,9%)
Associação Criminosa: 22 (+37,5%)
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OS CRIMES QUE MAIS DESCERAM
Difamação: 9146 (-7,8%)
Ferimentos por negligência em acidente de viação: 2758 (-8%)
Furto em veículo: 41 663 (-11,4%)
Furto de veículo: 24 486 (-4,8%)
Furto/roubo por esticão: 5378 (-2,5%)
Contrafacção e passagem de moeda falsa: 7186 (-1,8%)
Fogo posto florestal: 6137 (-20,6%)
Fogo posto urbano: 2286 (-8,3%)
Agressão grave: 673 (-1,6%)
Violação: 341 (-6,1%)
Roubo a banco: 139 (-9,2%)
Roubo a tesouraria ou CTT: 26 (-45,8%)
Roubo a posto de abastecimento de combustível: 222 (-0,9%)
Furto em edifício comercial ou industrial: 15 849 (-6,3%)
Resistência sobre funcionário: 1698 (-0,6%)
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Fonte: Correio da Manhã de 30-03-2007