Milhares de pessoas de diferentes culturas e etnias participam
hoje em Lisboa numa manifestação contra a violência policial e para exigir
justiça para Odair Moniz, homem baleado por um agente da PSP, na segunda-feira.
A abrir manifestação, que vai do Marquês de Pombal à Praça dos Restauradores, está uma faixa com a fotografia de Odair Moniz, segurada por familiares e vizinhos, assim como por Cláudia Simões, que acusou um agente da PSP de a agredir, numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020.
Preenchem a Avenida da Liberdade várias bandeiras do movimento
Vida Justa, que convocou a manifestação, assim como de Cabo Verde (país de
origem de Odair Moniz), com os manifestantes a entoar gritos de protesto, sendo
a principal palavra de ordem "justiça para o Odair".
Ao longo do percurso, é visível a presença policial.
O movimento Vida Justa realiza hoje em Lisboa esta manifestação
para reclamar justiça pela morte do homem baleado por um agente da PSP, estando
também convocado para a mesma hora, na cidade, um protesto do Chega "em
defesa da polícia".
Nos últimos dias, a PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa
mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20
pessoas, registando-se sete feridos, um dos quais com gravidade.
Os tumultos registados desde segunda-feira surgem após a morte
do cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na
Amadora, que foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da
Moura, no mesmo concelho do distrito de Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro
depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao
ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado
agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a
versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para
apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de
impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Fonte: LUSA - 26.10.2024