Odair Moniz, mais um na longa lista de mortos às mãos da PSP.
Na madrugada de 21, Odair Moniz de 43 anos foi alvejado por um agente da PSP e acabou por sucumbir às suas feridas.
Odair Moniz junta-se à longa lista de pessoas negras mortas às mãos da polícia de segurança pública. A sua morte acontece num contexto político de exacerbação do discurso de ódio e de um securitarismo estigmatizante dirigido às comunidades negras.
A leitura do comunicado da PSP suscita mais dúvidas do que traz
esclarecimentos sobre as condições da morte de Odair Moniz. Como é que alguém
que se despistou num carro em fuga pode sair em condições de querer agredir
agentes armados? Tendo sido a tentativa de agressão com arma branca segundo a
PSP, supõe-se isso então ter existido uma efetiva proximidade com o agente
atirador? Se sim, porque não alvejou a vítima na parte inferior do corpo para
imobilizá-lo, em vez de atirar para a axila, uma zona mais propensa a resultar
em morte?
Em todos os casos de brutalidade policial que resultou nas
mortes de cidadãos negros, racializados, a PSP nunca foi convincente sobre as
condições e motivos destas mortes. Portanto, num país cuja polícia está
inegavelmente infiltrada pela extrema-direita racista, as mortes de pessoas
negras às mãos de agentes policiais levantam as maiores dúvidas e preocupações
sobre as reais motivações das intervenções policiais que acabam nestas mortes.
Para que a morte de Odair Moniz não se resume a mais um caso,
mais um número da macabra estatística mortífera da intervenção policial nos
territórios e nos corpos habitados por pessoas negras, há que se abrir um
inquérito para apurar com a maior das celeridades todas as responsabilidades
dos agentes envolvidos neste assassinato, incluindo as da própria cadeia de
comando. Enquanto decorrem as investigações para o apuramento das
responsabilidades dos envolvidos, exige-se a sua suspensão imediata de funções.
O SOS Racismo lamenta mais uma morte que se junta à longa
lista de mortos às mãos da PSP, denunciando o laxismo e a impunidade que têm
caracterizado a intervenção das tutelas e da direção da PSP nestas
circunstâncias. O SOS Racismo denuncia um padrão de intervenção
policial que opta por uma espécie de exceção jurídica em que a violência e a
morte nos territórios e corpos habitados por pessoas negras passam a ser uma
regra.
O SOS Racismo apresenta as condolências e manifesta a sua total
solidariedade à família de Odair Moniz e a toda a comunidade enlutada,
disponibilizando-se a acompanhá-las em tudo o que necessário para o apuramento
da verdade sobre deste assassinato.
22.10.2024