sábado, dezembro 28

Rixa familiar provoca tiroteio em shopping de Viseu. Suspeito continua em fuga.


Situação de tensão no Palácio do Gelo fez vários lojistas e clientes fugirem do local. Troca de tiros deveu-se a um "ajuste de contas" e causou um morto e dois feridos.

Um tiroteio no Palácio do Gelo Shopping, em Viseu, provocou esta sexta-feira à tarde três feridos, tendo uma das pessoas baleadas morrido, entretanto, no hospital. A vítima mortal é uma mulher de 44 anos, confirmou a PSP em comunicado, acrescentando que o suspeito está em fuga. Foi desencadeada uma operação de captura, envolvendo PSP, GNR e Polícia Judiciária (PJ).

No âmbito dessa operação, o Observador apurou que as autoridades abordaram esta noite quatro viaturas na VCI, no Porto, e identificaram familiares do suspeito que saíram de Viseu. No entanto, o suspeito do tiroteio não estava em nenhuma destas viaturas e continua em fuga. A investigação está agora nas mãos da PJ e admite-se a hipótese de o suspeito não ter fugido sozinho de Viseu e que existam alegados cúmplices na fuga.

Outra fonte ligada à investigação assegurou que “todos os dados foram partilhados a nível distrital e nacional” entre as diferentes autoridades para agilizar a captura, acrescentando que o suspeito pode estar ainda armado e é considerado perigoso.

Como noutros casos similares, a probabilidade de fuga para Espanha é considerada elevada e, por isso, as autoridades terão acionado todos os contactos com as forças de segurança espanholas para reforçar as possibilidades de identificação do suspeito. Estarão também a ser monitorizados eventuais contactos do(s) suspeito(s) com os familiares, embora exista a consciência de que há tradicionalmente um nível de proteção grande entre elementos da comunidade cigana. “Há rivalidades, há desacatos, mas tentam resolver os problemas entre eles”, conta uma fonte judicial.

Nesta fase, a prioridade da investigação passa por recolher elementos de prova do local do crime, falar com testemunhas, identificar o suspeito e avançar com a detenção. Segundo apurou o Observador, a situação dever-se-á a um ajuste de contas entre famílias de etnia cigana por causa de “questões antigas”, existindo um histórico de conflitualidade.

Relativamente às vítimas, a mulher de 44 anos que morreu ao início da noite tinha sido baleada no abdómen e não resistiu aos ferimentos. Já os outros dois feridos tiveram alta ao final da noite, depois de terem estado em observação no Centro Hospitalar Tondela – Viseu. O homem sofreu ferimentos numa mão, enquanto a mulher tinha ferimentos numa perna.

O que se sabe até agora?

A Polícia de Segurança Pública (PSP) explicou que foi acionada pelas 18:18, através do Comando Distrital de Viseu, para a Avenida Dom Afonso Henriques, “junto à entrada principal do Centro Comercial Palácio do Gelo, na cidade de Viseu, em virtude de haver comunicação de cidadãos feridos com arma de fogo”.

“Chegados ao local, os polícias da PSP depararam-se com três vítimas, duas mulheres e um homem, com ferimentos de arma de fogo. As vítimas, de 23, 44 e 46 anos de idade foram transportadas ao Centro Hospitalar Tondela – Viseu, sendo que, lamentavelmente, uma mulher com 44 anos, acabou por falecer já na unidade hospitalar”, pode ler-se na nota divulgada.

Os suspeitos do tiroteio fugiram de carro antes da chegada dos agentes ao local, acrescentou a PSP, que já passou informações sobre esta ocorrência também à Guarda Nacional Republicana.

“Foi dado conhecimento dos factos ao Ministério Público e à Polícia Judiciária“, revelou também o comunicado da PSP, que vai continuar a investigação, em coordenação com a PJ, junto de testemunhas do tiroteio para perceber as circunstâncias.

O alerta para a ocorrência foi dado à Proteção Civil pelas 18h24, avançou à Lusa fonte do Comando Sub-regional de Viseu Dão Lafões.

Presidente da CM Viseu apela à calma, apesar da fuga de atirador

Em declarações à SIC Notícias ao início desta noite, o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, transmitiu as informações que a polícia municipal lhe passou e deu conta de uma morte entre os três feridos inicialmente confirmados.

“Houve três feridos, duas do sexo feminino e um do sexo masculino. Estão os três já na unidade hospitalar. Tinham-me referido que uma já será cadáver. É a informação que tenho”, referiu.

De acordo com o autarca, o tiroteio foi desencadeado por uma “discussão familiar que começou no interior do Palácio do Gelo e que depois teve consequências gravosas já no exterior” do centro comercial.

Fernando Ruas confirmou também que o tiroteio foi provocado por uma rixa, desconhecendo se se trata de duas famílias ou da mesma família, e assegurando que a normalidade está reposta pelas autoridades junto do centro comercial. “A população de Viseu que fique calma. O autor do disparo fatal está neste momento em fuga, abandonou a cidade de carro, mas penso que não vai abalar uma cidade que é normalmente calma”, finalizou.

Por sua vez, a diretora do centro comercial Palácio do Gelo, Cristina Lopes, esclareceu também à SIC Notícias que a equipa de vigilância “até estava nas imediações quando o tiroteio se inicia” e que “tudo acontece no exterior do centro comercial”, onde acabaram por se registar os feridos.

“As imagens que se veem são das pessoas a protegerem-se no interior do centro comercial, porque era um sítio seguro, onde podiam estar”, observou a responsável, vincando o caráter inédito desta situação: “Nunca tivemos conhecimento de nada semelhante e das conversas que tivemos com a polícia esta será uma situação isolada. Esta é uma zona familiar e habitacional, bastante tranquila, não há registo de ocorrências deste género”.

Cristina Lopes adiantou ainda que “está tudo em pleno funcionamento” no shopping e que apenas a entrada onde ocorreu o tiroteio foi encerrada, devido ao perímetro de segurança estabelecido pela PSP no local.

Fonte: OBSERVADOR – 27.12.2024


domingo, novembro 24

Investigação a choque em Beja com cinco mortos será “demorada”

 

Quatro das vítimas mortais seguiam no mesmo carro e são de Moura. Nessa carrinha iam ainda um bebé de 14 meses e a mãe, feridos graves.


A GNR está já a investigar as causas da violenta colisão que matou cinco pessoas, em Beja, no final da tarde desta sexta-feira. Ao CM, fonte oficial da Guarda garantiu que o inquérito será demorado, devido à complexidade da situação. Na manhã deste sábado, o Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação voltou ao local para novas perícias.

O despiste seguido da violenta colisão fez, além das cinco vítimas mortais, mais dois feridos graves: uma mulher e o seu bebé de 14 meses. Este ficou em estado grave e foi transferido para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa. A mãe, de 25 anos, continua internada no Hospital de Beja.

Quatro das vitimas mortais, que viajavam numa carrinha Passat com seis ocupantes, pertencem a uma comunidade de Moura. A quinta vítima mortal, um homem de 47 anos, que viajava sozinho num Opel Corsa, residia também na região.

Os corpos foram levados para o Instituto de Medicina Legal de Beja e deverão ser autopsiados. O local, no IP2, junto a São Matias, concelho de Beja, está há muito sinalizado e tem um limite de velocidade de 50 km/h.



Correio da Manhã - 24.11.2024


quarta-feira, outubro 30

Carris com desvios e supressões nas linhas noturnas. Condutores com receio de passarem em algumas zonas.

 

O recente clima de insegurança nas linhas noturnas da Carris Metropolitana, que servem os arredores de Lisboa, tem levado a várias alterações nos percursos e horários dos autocarros, com algumas linhas a serem parcialmente suprimidas. A decisão surge após uma série de incidentes violentos e apedrejamentos de viaturas, sobretudo após a morte de Odair Moniz, morador do Bairro do Zambujal, na Amadora, vítima de disparos feitos pela polícia. Este episódio intensificou as tensões nos bairros da Grande Lisboa, em particular na Cova da Moura, onde motoristas têm manifestado receio em circular, principalmente em horários noturnos.

Vários condutores recusam-se a entrar em determinadas áreas, temendo pela sua segurança devido ao aumento de atos violentos, incluindo o lançamento de cocktails-molotov em autocarros e o apedrejamento frequente de viaturas. Num dos casos mais graves, em Santo António dos Cavaleiros, Loures, um motorista ficou gravemente ferido, o que agravou a perceção de insegurança entre os profissionais da Carris Metropolitana. “Os ataques a motoristas de transportes públicos, especialmente em certas zonas da área metropolitana, não são novidade”, apontam fontes do setor ao PÚBLICO, sublinhando que os recentes incidentes vieram aumentar o receio.

A situação está a causar impacto na mobilidade de muitos trabalhadores de serviços essenciais e estudantes que dependem destes percursos noturnos para as suas deslocações. “Apesar de uma redução nos episódios de vandalismo nos últimos dias, ainda se verificam apedrejamentos, como o de segunda-feira à noite em Arrentela, Seixal”, relatam fontes da Carris Metropolitana.

A cobertura mediática dos incidentes está também a ser questionada pelo Sindicato Nacional de Motoristas e outros Trabalhadores (SNMOT). “Esta exposição mediática, especialmente nas televisões, está a dar visibilidade aos prevaricadores”, afirmou Manuel Oliveira, vice-presidente do sindicato. Segundo Oliveira, “é precisamente esse efeito espetacular que os grupos de vândalos procuram”, apelando a uma maior contenção por parte dos meios de comunicação.

Devido à escalada de insegurança, a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), entidade que gere a frota de cerca de 1600 viaturas da Carris Metropolitana, intensificou a monitorização em tempo real dos incidentes, em colaboração com a Polícia de Segurança Pública (PSP). Foi criado um canal de comunicação direto, através do WhatsApp, entre os profissionais de transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa e o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP. Este canal envolve motoristas da Carris Metropolitana, da Carris (Lisboa), da CP, do Metropolitano de Lisboa, da Fertagus, da Transtejo-Soflusa e dos serviços de autocarros de Cascais e do Barreiro.

Este sistema permite uma partilha imediata de incidentes e situações suspeitas para uma intervenção rápida das autoridades, garantindo uma resposta coordenada e atempada, essencial face ao crescente número de ameaças à segurança dos motoristas.

A Carris Metropolitana, optando por não comentar publicamente a situação, tem adotado uma política de análise e gestão individualizada dos percursos. De acordo com uma fonte da empresa, cada caso é avaliado “com malha apertada”, considerando o receio expresso pelos motoristas. “Não forçamos ninguém a trabalhar se houver um desconforto ou sentimento de insegurança”, sublinhou a mesma fonte, esclarecendo que a gestão de cada situação é feita em colaboração com as chefias diretas.

A intenção é, assim que possível, retomar a normalidade operacional, equilibrando a necessidade de segurança dos motoristas com a continuidade dos serviços para os utentes. A PSP também tem intervindo, recomendando que certas áreas sejam evitadas nos primeiros dias após os incidentes, incluindo a suspensão temporária da circulação em locais mais críticos.

Na semana passada, a Carris, empresa controlada pela Câmara Municipal de Lisboa, anunciou “desvios pontuais em alguns troços do trajeto” nas carreiras 714 e 754, como resposta aos incidentes. A carreira 714 termina no bairro da Outurela, em Oeiras, enquanto a 754 passa pelo bairro do Zambujal, onde dois autocarros da Carris Metropolitana foram recentemente incendiados. Segundo Manuel Oliveira, do SNMOT, estas alterações têm impactos severos para os utentes. “Infelizmente, são as pessoas que dependem destes serviços que acabam por ser prejudicadas com a suspensão das carreiras. Paga o justo pelo pecador”, lamenta.

A situação de insegurança nas linhas noturnas da Carris Metropolitana é, segundo os sindicatos, um problema recorrente que exige uma resposta efetiva das autoridades. “A violência contra os motoristas, seja verbal ou física, é algo que enfrentamos regularmente em certos bairros”, explica Oliveira. Contudo, alerta que a recente destruição de autocarros representa uma nova dimensão do problema, destacando a urgência de medidas mais eficazes para proteger os profissionais e garantir a continuidade do serviço público essencial que os motoristas prestam.


Fonte: Executive Digest – 30.10.2024 


Um detido e cerca de 10 viaturas incendiadas em Benfica


Uma pessoa foi detida na madrugada de hoje em Benfica, Lisboa, depois de cerca de 10 viaturas terem sido incendiadas em três ruas da freguesia, disseram à Lusa fontes da PSP e dos Sapadores Bombeiros.

Segundo a PSP, a detenção ocorreu cerca das 02:00.

Fonte da Junta de Freguesia confirmou que três carros foram incendiados na Estrada de Benfica, dois na Rua Barroso Lopes e um na Rua Julião Quintinha, próximo do Centro Comercial Fonte Nova.

Estes atos de vandalismo em Benfica ocorreram depois de na noite de sábado para domingo terem igualmente sido incendiados na freguesia 11 veículos ligeiros e três motociclos, num caso que obrigou a um reforço do policiamento na zona.

No fim de semana, além dos veículos incendiados foram vandalizados em Benfica dois edifícios, uma loja, mobiliário urbano e caixotes do lixo.

Na semana passada foram registados vários incidentes e tumultos, especialmente durante a noite, na Área Metropolitana de Lisboa, na sequência da morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura, na Amadora, na madrugada de dia 21 de outubro.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.



Fonte: LUSA - 30.10.2024



terça-feira, outubro 29

Suspeito de matar menina portuguesa e outras duas crianças em aula de dança em Inglaterra acusado de mais dois crimes

 

Novas acusações contra Axel Rudakubana, de 18 anos, surgem depois de buscas realizadas na sua casa.

 

O suspeito da morte de três crianças, entre elas uma portuguesa, numa aula de dança em Inglaterra, no final de julho, foi acusado de produzir um veneno mortal e de um crime "terrorista", anunciou, esta terça-feira, polícia local.

As novas acusações contra Axel Rudakubana, de 18 anos, surgem depois de buscas realizadas na sua casa, onde foi encontrado um manual de treino do grupo extremista Al-Qaida, informou a mesma fonte.

O jovem já tinha sido acusado de ter esfaqueado as três raparigas até à morte, crimes que provocaram motins de extrema-direita quer em Inglaterra, como na Irlanda do Norte.

Serena Kennedy, chefe da polícia de Merseyside, no noroeste de Inglaterra, detalhou que o jovem foi agora acusado de "produzir uma toxina biológica, nomeadamente ricina", um veneno que foi identificado em sua casa.

Também foi acusado de "possuir informações (...) suscetíveis de serem úteis a uma pessoa que comete ou prepara um ato de terrorismo", dado o manual de treino da Al-Qaida encontrado.

A investigação ainda não estabeleceu um motivo terrorista, tendo Serena Kennedy referido que não havia ricina no local do ataque.

"Até ao momento, a polícia antiterrorista não declarou que o ataque de segunda-feira, 29 de julho, foi um incidente terrorista. Reconheço que as novas acusações podem dar azo a especulações", declarou a responsável, citada num comunicado.

A responsável instou a não se especular e a que haja paciência, afirmando que não se deve acreditar em tudo o que se lê nas redes sociais.

Axel Rudakubana deverá comparecer em tribunal na quarta-feira.

Três meninas, de 6, 7 e 9 anos, incluindo a portuguesa Alice da Silva Aguiar, foram mortas a 29 de julho, em Southport (noroeste de Inglaterra), durante uma aula de dança inspirada na estrela 'pop' norte-americana Taylor Swift, enquanto outras oito crianças e dois adultos ficaram feridos.

Os assassínios originaram violentos motins anti-imigração em Inglaterra e na Irlanda do Norte, após a difusão de rumores falsos nas redes sociais, que atribuíram a responsabilidade a um requerente de asilo.


Fonte: LUSA – 29.10.2024


sábado, outubro 26

Milhares preenchem a Avenida da Liberdade a exigir justiça para Odair


Milhares de pessoas de diferentes culturas e etnias participam hoje em Lisboa numa manifestação contra a violência policial e para exigir justiça para Odair Moniz, homem baleado por um agente da PSP, na segunda-feira.

A abrir manifestação, que vai do Marquês de Pombal à Praça dos Restauradores, está uma faixa com a fotografia de Odair Moniz, segurada por familiares e vizinhos, assim como por Cláudia Simões, que acusou um agente da PSP de a agredir, numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020.

Preenchem a Avenida da Liberdade várias bandeiras do movimento Vida Justa, que convocou a manifestação, assim como de Cabo Verde (país de origem de Odair Moniz), com os manifestantes a entoar gritos de protesto, sendo a principal palavra de ordem "justiça para o Odair".

Ao longo do percurso, é visível a presença policial.

O movimento Vida Justa realiza hoje em Lisboa esta manifestação para reclamar justiça pela morte do homem baleado por um agente da PSP, estando também convocado para a mesma hora, na cidade, um protesto do Chega "em defesa da polícia".

Nos últimos dias, a PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20 pessoas, registando-se sete feridos, um dos quais com gravidade.

Os tumultos registados desde segunda-feira surgem após a morte do cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, que foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, no mesmo concelho do distrito de Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.


Fonte: LUSA - 26.10.2024


quinta-feira, outubro 24

PSP - Comunicado de imprensa - Ponto de Situação de Incidentes na Área Metropolitana de Lisboa - 24.10.2024


A Polícia de Segurança Pública (PSP), durante as últimas 24 horas, deteve 13 suspeitos da prática de crimes de roubo (4), ofensa à integridade física qualificada (4), posse de engenhos explosivos e armas proibidas (3), tentativa de fogo posto (1) e accionamento de extintor e dano contra viatura da PSP (1). Foram registadas 45 ocorrências de incêndio em mobiliário urbano (maioritariamente caixotes do lixo) na Área Metropolitana de Lisboa, nos concelhos de Almada, Amadora, Barreiro, Lisboa, Loures, Oeiras, Seixal e Sintra. Foram ainda identificados 18 suspeitos por motivos diversos. 

De todas estas ocorrências, houve ainda a registar:

  • 1 viatura policial danificada;
  • 2 autocarros incendiados;
  • 8 veículos ligeiros de passageiros incendiados;
  • 1 motociclo incendiado;
  • 3 cidadãos feridos, um deles com gravidade – motorista de um dos autocarros, o qual sofreu queimaduras graves na face, tórax e membros superiores;
  • Inúmeros caixotes de lixo incendiados, assim como outro mobiliário urbano.

​A Polícia de Segurança Pública reitera que tem por missão garantir a segurança e ordem pública e o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, e que está empenhada em manter a ordem, paz e tranquilidade públicas, em todo o território nacional, designadamente na Área Metropolitana de Lisboa onde foram registadas as ocorrências acima referidas.

A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade. Estes grupos criminosos têm revelado uma falta de respeito pela vida humana, sendo, uma vez mais, evidente a prática de crimes violentos contra a integridade física, como foi o caso lamentável desta noite, em que um motorista de um autocarro de transportes públicos sofreu ferimentos muito graves, sendo que a PSP tudo fará para, em coordenação com as outras Forças e Serviços de Segurança, levar à justiça os suspeitos de todos os crimes que têm sido praticados nos últimos dias.

A Polícia continuará dedicada à segurança dos portugueses e de todos os cidadãos que escolhem o nosso País para viver e para o visitar, apelando a todos que mantenham a calma, a tranquilidade e a confiança na PSP.​


quarta-feira, outubro 23

Autocarros incendiados em seis concelhos: o mapa da violência na noite de Lisboa

 

Foi registado na noite desta terça-feira, um total  de 60 ocorrências na Grande Lisboa, um dia depois de um homem ter sido morto a tiro pela PSP no bairro da Cova da Moura. Os actos de violência foram sentidos nos concelhos da Amadora, Oeiras, Loures e Sintra, mas também no centro de Lisboa - houve problemas em Campo de Ourique ou no Lumiar - e do outro lado do rio Tejo, no Seixal.

Das 60 ocorrências, Sintra foi o concelho que registou mais desacatos, tendo sido contabilizados 15, seguindo-se Loures com 10. O concelho da Amadora registou um total de 9 ocorrências, enquanto que Oeiras contabilizou 6 e Cascais um total de 5. Fora do distrito de Lisboa, Setúbal registou 1 ocorrência, no Seixal.

Entre estes episódios registados, está a destruição de um autocarro da Carris que foi incendiado no Bairro do Zambujal, depois de ter sido roubado por um grupo de jovens que exigiram a saída dos passageiros e do motorista do seu interior. Horas depois, e já noite dentro, um segundo autocarro foi incendiado, assim como vários caixotes do lixo e uma viatura ligeira.

Também na Portela, em Carnaxide, um autocarro da Carris foi roubado e incendiado por moradores do bairro. A CNN Portugal elaborou um mapa para melhor se perceber a localização da violência que se espalhou por quase todos os concelhos da Grande Lisboa.

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigem uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. De acordo com os relatos recolhidos no bairro pelo Vida Justa, o que houve foram “dois tiros num trabalhador desarmado”.

Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária. A CNN Portugal apurou, também, que a investigação da PJ aponta para excesso de legítima defesa da PSP.


Fonte: CNN Portugal - 23.10.2024


terça-feira, outubro 22

Comunicado da associação «SOS Racismo»

 

Odair Moniz, mais um na longa lista de mortos às mãos da PSP.


Na madrugada de 21, Odair Moniz de 43 anos foi alvejado por um agente da PSP e acabou por sucumbir às suas feridas. 

Odair Moniz junta-se à longa lista de pessoas negras mortas às mãos da polícia de segurança pública. A sua morte acontece num contexto político de exacerbação do discurso de ódio e de um securitarismo estigmatizante dirigido às comunidades negras.

A leitura do comunicado da PSP suscita mais dúvidas do que traz esclarecimentos sobre as condições da morte de Odair Moniz. Como é que alguém que se despistou num carro em fuga pode sair em condições de querer agredir agentes armados? Tendo sido a tentativa de agressão com arma branca segundo a PSP, supõe-se isso então ter existido uma efetiva proximidade com o agente atirador? Se sim, porque não alvejou a vítima na parte inferior do corpo para imobilizá-lo, em vez de atirar para a axila, uma zona mais propensa a resultar em morte?

Em todos os casos de brutalidade policial que resultou nas mortes de cidadãos negros, racializados, a PSP nunca foi convincente sobre as condições e motivos destas mortes. Portanto, num país cuja polícia está inegavelmente infiltrada pela extrema-direita racista, as mortes de pessoas negras às mãos de agentes policiais levantam as maiores dúvidas e preocupações sobre as reais motivações das intervenções policiais que acabam nestas mortes.

Para que a morte de Odair Moniz não se resume a mais um caso, mais um número da macabra estatística mortífera da intervenção policial nos territórios e nos corpos habitados por pessoas negras, há que se abrir um inquérito para apurar com a maior das celeridades todas as responsabilidades dos agentes envolvidos neste assassinato, incluindo as da própria cadeia de comando. Enquanto decorrem as investigações para o apuramento das responsabilidades dos envolvidos, exige-se a sua suspensão imediata de funções.

O SOS Racismo lamenta mais uma morte que se junta à longa lista de mortos às mãos da PSP, denunciando o laxismo e a impunidade que têm caracterizado a intervenção das tutelas e da direção da PSP nestas circunstâncias. O SOS Racismo denuncia um padrão de intervenção policial que opta por uma espécie de exceção jurídica em que a violência e a morte nos territórios e corpos habitados por pessoas negras passam a ser uma regra.

O SOS Racismo apresenta as condolências e manifesta a sua total solidariedade à família de Odair Moniz e a toda a comunidade enlutada, disponibilizando-se a acompanhá-las em tudo o que necessário para o apuramento da verdade sobre deste assassinato

22.10.2024


sábado, outubro 12

Número de juízes decresce sem remédio à vista, alerta Conselho Superior da Magistratura.

 

O vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura alertou que o número de juízes continua a decrescer sem remédio à vista, devido a uma insuficiente capacidade de recrutamento.


O vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (CSM) alertou esta sexta-feira que o número de juízes continua a decrescer sem remédio à vista, devido a uma insuficiente capacidade de recrutamento.

 

No discurso de encerramento do Encontro Anual do CSM, que terminou esta sexta-feira em Vila Real, o juiz conselheiro Luis Azevedo Mendes realçou preocupações com a falta de recursos humanos em todo o sistema de justiça.

O vice-presidente do CSM afirmou que “o número de juízes continua a decrescer, sem remédio à vista, por falta de suficiente capacidade de recrutamento”.

“São com certeza juízes, magistrados do Ministério Público e oficiais de justiça e nós não vemos modo disto se resolver nos próximos anos com facilidade. Precisamos de meios de substituição, precisamos de assessores com muita urgência nos tribunais para darem apoio a todos os oficiais de justiça qualificados, mas sobretudo aos juízes”, afirmou o responsável já em declarações aos jornalistas.

Luís Azevedo Mendes salientou que é preciso reforçar o recrutamento de juízes nos próximos anos, porque “o envelhecimento é enorme”.

“Este ano recebemos 46 novos juízes no recrutamento do Centro de Estudos Judiciário (CEJ), mas vão sair cerca de 100 ou mais juízes do sistema por jubilações ou outras situações“, referiu, frisando que “100 por ano poderá ser a realidade nos próximos anos”.

Entre as causas para esta situação apontou a incapacidade do Governo de fazer um planeamento adequado ao longo da última década, quando “já se notava com algum dramatismo que isto ia acontecer”, e depois uma geração inteira de jovens que estão na faculdade e não veem a carreira da magistratura como atrativa.

Atualmente, referiu, as vagas do CEJ não são preenchidas o que, na sua opinião, é “um problema muito grande”.

“Ainda que a lei do CEJ seja alterada em breve, como é intenção do Governo da República, para melhorar a atratividade no recrutamento, durante muitos anos vamos enfrentar uma quebra contínua nos juízes”, afirmou.

Os megaprocessos são também uma preocupação já que são vários os magistrados que ficam afetos em exclusividade, durante anos, a um processo.

“O processo BES, cujo julgamento começará na próxima semana, tem em exclusividade desde praticamente o princípio do ano um coletivo de juízes e ainda dois outros juízes, que estão a exercer funções de assessoria. Só um destes processos, o do BES é seguramente o maior, mas há outros, tem alocados cinco juízes”, referiu.

Ainda segundo Luís Azevedo Mendes, “pior do que a falta de oficiais de justiça é a situação de tumulto e descontentamento que estes vivem há anos”.

Durante o seu discurso, Luís Azevedo Mendes referiu também que o CSM vai continuar a insistir numa revisão prioritária do mapa judiciário mais focada em ajustamentos flexíveis e apontou que, pesar da compreensão manifestada, não houve resposta, nem do anterior, nem do atual Governo.

O vice-presidente do CSM anunciou ainda que vai ser proposta a criação de um Gabinete de Saúde Ocupacional que terá como objetivos proteger e promover a saúde e prevenir a doença dos juízes, prevenir e controlar os riscos profissionais e, em especial, os riscos psicossociais, melhorar as condições de trabalho e de segurança e desenvolver uma cultura de prevenção e de promoção da saúde nos tribunais.

Por fim, adiantou que o Encontro Anual do CSM de 2025 vai realizar-se em Setúbal.


LUSA, 11.10.2024



quinta-feira, outubro 3

Tiros à queima roupa, um suspeito em fuga e duas famílias destruídas: o que se sabe sobre o triplo homicídio em Lisboa.

 

Grávida e marido tentaram escapar do local. Homicida atirou à cabeça para travar fuga. Barbeiro foi o primeiro a ser atingido a tiro.

Dois homens, um barbeiro e um taxista, e a mulher deste, que estava grávida, foram mortos a tiro, pelas 13h25 de quarta-feira, no Bairro do Vale, entre a zona de Santa Apolónia e a Penha de França, em Lisboa. Fernando, que quereria ser atendido na barbearia, é o principal suspeito do crime.

Ao que o CM apurou, uma discussão fútil relacionada com o atendimento do barbeiro, Carlos Pina, terá estado na origem do triplo homicídio. Carlos foi assassinado com um tiro na cabeça, dentro do seu estabelecimento, porque Fernando quereria passar à frente de outros clientes e não aceitou um não como resposta.

Já na rua, quando se preparava para colocar-se em fuga, o homem também atingiu mortalmente o taxista Bruno Neto e Fernanda Júlia com tiros na cabeça, eventualmente para que estes não viessem a identificá-lo. Testemunhas dizem que o casal ainda tentou fugir, mas sem sucesso.

Apesar de ainda respirarem quando os primeiros moradores chegaram ao local, os ferimentos foram fatais e os bombeiros não os conseguiram salvar. O casal deixa órfã uma menina.

O crime terá sido presenciado por outro barbeiro que conseguiu fugir do local.

Ninguém travou Fernando, de 33 anos e com cadastro, que conseguiu fugir a pé do local, tendo sido auxiliado por dois homem que o levaram de carro e o ajudaram a desaparecer sem deixar rasto. Tudo indica que se trate do pai e do meio-irmão do suspeito.

Barbeiro acarinhado por todos.

Carlos Pina era divorciado e pai de cinco filhos. Muito acarinhado no bairro, não era conhecido por estar envolvido em situações violentas. O barbeiro costumava participar em jogos de futebol com elementos da PSP. Era também conhecido por não negar o serviço, mesmo a quem não o podia pagar.

Já Bruno e a mulher não moravam naquele bairro. Há quem garantisse que tinham ido ao barbeiro, já que vivem nas proximidades, outros asseguram que iam ao bairro lavar o táxi.

Comunidade em choque.

Todos ficaram em choque com a morte de Carlos Pina, por quem tinham muita estima. Várias pessoas receberam apoio psicológico devido à violência do crime e ninguém ficou indiferente ao cenário dos corpos no chão.

Fernando também é conhecido de todos. Mora na rua onde o crime ocorreu e é tido como violento.

Passado marcado por violência.

Fernando tem um passado marcado pela violência. O principal suspeito do triplo homicídio vivia com o pai num terceiro andar e, após uma discussão, foi expulso de casa.

O suspeito terá ocupado o primeiro andar do mesmo prédio e terá mudado as fechaduras. Depois de se mudar para este apartamento com a mulher e cinco filhos, Fernando terá estado envolvido num tiroteio cujas marcas ainda são visíveis numa janela.

Uma vizinha foi baleada nesta troca de tiros.

Vítimas expostas e juras de vingança.

Fotografias e vídeos dos cadáveres começaram a circular nas redes sociais e em aplicações como o WhatsApp. Num dos vídeos é possível ver um dos corpos ainda a mexer-se. A violência das imagens chegou a amigos e familiares das vítimas.

As promessas de vingança e mensagens de ódio não demoraram a chegar.

Vingança no local do crime.

Durante a noite, duas viaturas que pertencem à família do suspeito foram incendiadas, ao que tudo indica num ato de retaliação pelo triplo homicídio. Os moradores dizem ter sido ouvidos disparos, mas a PSP não confirma.


Correio da Manhã – 03.10.2024


segunda-feira, setembro 30

Ferido grave em rixa no Barreiro foi operado


Família destruiu um café após desentendimento com o dono do mesmo.


Um homem foi deixado por amigos, no sábado à tarde, no Hospital do Barreiro, para ser tratado a ferimentos graves que, pensa-se, terão sido sofridos durante a rixa ocorrida no bairro social da Cidade Sol, onde uma família destruiu um café após desentendimento com o dono do mesmo.

O CM sabe que a GNR verificou, após a desordem, um rasto de sangue que seguia do café destruído até um prédio. Ninguém foi encontrado. Horas depois, um homem dava entrada no Hospital do Barreiro, com ferimentos graves, que o obrigaram mesmo a uma intervenção cirúrgica.


Correio da Manhã – 30.09.2024

 

Família destrói café no Barreiro que fica a 50 metros de posto da GNR

 

Um desentendimento entre o patriarca de uma família e os responsáveis de um café na Cidade Sol, Barreiro, levou ontem a um ataque violento contra o estabelecimento através do arremesso de pedras e outros objetos. A rixa ocorreu a apenas 50 metros do posto da GNR (Santo António da Charneca), onde apenas um militar estava de serviço.

A destruição no café foi significativa, levando clientes a fugirem pelo interior do centro comercial onde o mesmo está situado. A GNR chamou patrulhas de postos da zoAtaque de ontem foi filmado na e identificou três intervenientes. Será feita participação ao Ministério Público por crimes de rixa e dano. 

Correio da Manhã – 29.09.2024

Nota: a notícia encontra-se transcrita tal qual foi publicada, com evidentes lapsos de escrita.


domingo, setembro 29

Três feridos em tiroteio na Régua


Uma «desavença» entre um «grupo de pessoas» fez, ao final da tarde deste domingo, três feridos no Bairro das Alagoas (conhecido como Bairro Verde), no Peso da Régua, distrito de Vila Real, disse ao JN fonte da GNR.


«À partida, haverá disparos de arma de fogo, porque são consistentes com os ferimentos leves que as vítimas apresentam», disse a mesma fonte, que não soube, no entanto, precisar se alguém foi detido ou identificado ou se foi apreendida qualquer arma de fogo.

A Agência Lusa dá conta que entre as três pessoas com ferimentos ligeiros está um homem de 82 anos e uma mulher de 60 anos, que foram transportados para o Hospital de Vila Real. Uma terceira vítima, um homem de 58 anos, não quis ser transportada à unidade hospitalar.

O caso ocorreu pelas 18 horas, tendo a prioridade das patrulhas, à chegada ao bairro, sido repor a ordem pública, isolar o local e apoiar os bombeiros no socorro às vítimas.

A mesma fonte informou ainda que a GNR avançou para o local com reforços dos postos de Mesão Frio e de Santa Marta de Penaguião bem como elementos do Destacamento de Intervenção.

O caso passou, entretanto, para a alçada da Polícia Judiciária, que investiga.

 

Jornal de Notícias – 29.09.2024


quinta-feira, agosto 29

Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna assaltada hoje de madrugada

 

O edifício da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, na Rua de São Mamede, em Lisboa, foi hoje de madrugada assaltado, estando a investigação a cargo da Polícia de Segurança Pública, disse à Lusa fonte da PSP.
Segundo a PSP, o alerta do assalto foi dado às 09:52 de hoje pelo polícia que estava de serviço no edifício após ter dado conta que existiam gabinetes remexidos.
Outra fonte policial indicou à Lusa que foi furtado vário material informático existente nos gabinetes.
A investigação está a cargo da Polícia de Segurança Pública, que não adiantou oficialmente mais pormenores sobre o assalto.
A Lusa contactou o Ministério da Administração Interna, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.
A notícia do assalto foi avançada pelo Observador, que dá conta de que foram levados vários computadores, dois dos quais de chefias da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, e que as câmaras de vigilância não estavam a funcionar.
Fonte: LUSA, 29.08.2024

sexta-feira, junho 14

Carmo Afonso e o ensino da História


Os/as professores/as e os manuais não devem inverter aquele que tem sido o seu foco. Estão a ensinar História de Portugal, não a História woke de Portugal.

 

Carmo Afonso, a advogada que, nos últimos anos, tem protagonizado alguns dos mais rasteiros momentos do comentariado nacional — como, por exemplo, este seu rol de boatos e insinuações sobre a vida privada de Sebastião Bugalho —, brindou-nos neste 10 de Junho, Dia de Portugal, com um apelo a que se alterem os programas do ensino da nossa História.

Incomodada com o orgulho que os portugueses têm no seu passado, acha que isso tem de ser revisto a começar logo nos bancos da escola. Efectivamente, Carmo Afonso considera que a História que nos foi e continua a ser ensinada é uma “visão benigna” de um passado que, ao contrário da famosa canção dos Da Vinci, “tem mais de subjugação, escravidão e sangue do que de cultura e ternura”. Pretende, por isso, que se acrescentem “outros factos à narrativa idílica dos Descobrimentos”. Deseja, por exemplo, que se fale “da chegada dos barcos portugueses carregados de escravos aos portos da Europa”, nomeadamente aos portos holandeses. Quer que se refira o cheiro que, com vento de feição, precedia esses navios e que, segundo Carmo Afonso, resultaria “da exploração terminal dos corpos, do suor e da morte.” Acha que tudo isso são aspectos do “colonialismo” que erradamente o Portugal democrático nunca criticou como deveria. Em consequência dessa omissão o país tem agora, segundo Carmo Afonso, “um trabalho ciclópico pela frente” que obriga a “aprofundar a disciplina de História e acrescentar-lhe factos.”

Sucede, porém, que os factos que a cronista Carmo Afonso quer acrescentar estão errados ou muito torcidos. O “colonialismo” foi um sistema de exploração económica e de dominação política que, em África, foi posto em marcha na parte final do século XIX e na primeira metade do século XX, numa altura em que o tráfico transatlântico de escravos já tinha terminado. Não são coisas contemporâneas nem interligadas. Por outro lado, o tráfico negreiro, levado a cabo em navios portugueses e de outras nações ocidentais, não visava trazer escravos para os portos da Europa — isso foi muitíssimo marginal na história do tráfico, constituindo cerca de 0,1% do seu total —, mas sim para as Américas. Não me consta que os portugueses tenham carregado navios de escravos para irem desembarcá-los a Roterdão. Acresce que o cheiro dos navios não era necessariamente o cheiro da morte. Morria-se nos navios negreiros, sim, mas as tripulações não conservavam os cadáveres a bordo, fossem eles de escravos ou dos marinheiros — que também morriam. O cheiro dos navios tinha que ver com condições de higiene, falta de arejamento e outras causas. Aliás, como Vitorino Magalhães Godinho há muito sublinhou, os holandeses elogiavam as condições de transporte a bordo dos negreiros portugueses. Tudo é relativo, não é? Mas como Carmo Afonso nunca leu Magalhães Godinho e outros historiadores conhecedores da matéria — ou, se o fez, nada aprendeu —, e quer, por opção ideológica, pintar em tons ainda mais tenebrosos aquilo que já de si é negro na história do império português, bombardeia-nos com esta prosa de pôr cabelos em pé.

Esta pequena amostra de erros encavalitados uns nos outros alerta-nos para um problema central do wokismo no que se refere ao ensino da História: os woke querem substituir uma narrativa histórica que consideram incompleta e parcial, por outra que é francamente ignorante. Mais. Nunca nos dizem de que conteúdos e informações do actual programa de História iriam prescindir para incluirem os tais “outros factos” que Carmo Afonso reivindica — e era imprescindível que o dissessem.

A História que ensinamos às nossas crianças e adolescentes está cheia de omissões. É inevitável que assim seja porque o tempo lectivo é limitado e há que escolher muito criteriosamente o que cabe dentro desse tempo e dentro da aprendizagem (ou da memória) dos alunos. O problema das omissões é, aliás, comum a todo o estudo de História, mesmo para adultos e mesmo para historiadores. A História é uma narrativa e não é possível, ainda que se quisesse, narrar tudo o que aconteceu em cada segundo, sob todos os pontos de vista e em todos os cantos da terra. A História é, portanto, um saber muito incompleto, e, repito, cheio de omissões, e isso é ainda mais evidente e inescapável ao nível do ensino básico e secundário. Querem um exemplo? Quando eu dava aulas no secundário, nos já longínquos anos 70 e 80 do século passado, a história de Alexandre Magno não fazia parte do programa nem constava dos manuais pelos quais os alunos estudavam. Os políticos que então governavam a área da educação tinham decidido omitir esse acontecimento central da História da humanidade e das relações euro-asiáticas, e posto em seu lugar e de outros acontecimentos omitidos, dando-lhes grande destaque, abstrações e conceitos marxistas como “luta de classes”, “modo de produção”, etc.

Quero com este exemplo mostrar que há, sempre houve e sempre haverá omissões porque existem, a montante, opções políticas e educativas, e porque o tempo lectivo nas escolas não dá para tudo. Mas o colega Miguel Barros, presidente da Associação Portuguesa de Professores de História e outras pessoas de extrema-esquerda — espero não estar a ser injusto para com o colega Miguel Barros — vêem certas omissões como ocultações, algo feito de propósito para esconder qualquer coisa. Esta é uma nuance que diz muito sobre a forma como estas pessoas se posicionam e sobre a posição a partir da qual tentam mudar o ensino.

Omitir e ocultar não são sinónimos. O verbo omitir significa não mencionar, passar em silêncio, deixar de dizer algo, mas o verbo ocultar significa habitualmente encobrir fraudulentamente, sonegar, esconder, impedir que se saiba, manter secreto. Certa esquerda acha que o que se passa nas nossas escolas, no que se refere ao ensino da História, não é uma omissão, mas sim uma ocultação, e, em conformidade, considera que é preciso reformular o conteúdo dos manuais escolares portugueses porque, como diz a notícia do DW, “eles mostram apenas uma das facetas da História de Portugal e ocultam (sic), por exemplo, os horrores da violência colonial contra as populações indígenas em África”. Miguel Barros, num registo penitente, considera que “temos de assumir aquilo que fizemos e se calhar mudar, nalguns casos, radicalmente, as narrativas que são contadas oficialmente.” Ou seja, Miguel Barros, Carmo Afonso e outras pessoas que pensam como eles, mantém a pressão sobre o Ministério da Educação para que os manuais sejam alterados de forma a que passem a expor a violência dos antigos portugueses e, se possível, a perspectiva do outro — neste caso a perspectiva do colonizado, do escravizado, do trabalhador forçado, etc.

Trata-se de um objectivo muito interessante historiograficamente falando, que é sem dúvida enriquecedor, mas que a nível do ensino básico é um disparate. Se seguíssemos esse critério teríamos de incluir, de forma sistemática, nos manuais para alunos do ensino básico, o contraponto da visão portuguesa. Por outras palavras, teríamos de dar a esses alunos os sentimentos dos povos orientais que contactaram com os portugueses no século XVI; a visão dos militares dos exércitos napoleónicos sobre as manhas e práticas da resistência portuguesa; etc. Nada a opor a isso a não ser o tempo e a capacidade de absorção dos alunos. O programa de História duplicaria de tamanho e o respectivo manual triplicaria de grossura.

E não poderíamos, também, ficar apenas pela exposição das violências levadas a cabo pelos colonizadores, teríamos de expor muita da violência de que a história humana é feita. Pois, por muito que isso possa surpreender Carmo Afonso, as histórias dos outros povos têm tanta ou mais “subjugação, escravidão e sangue”, e tão pouca ou ainda menos “cultura e ternura”, do que a portuguesa. Os manuais escolares encher-se-iam, assim, de referências a violações, torturas, execuções. Seria isso adequado para crianças? Certamente que não. Eu suponho, aliás, que estes critérios de adequação e de razoabilidade sejam igualmente seguidos pelos governos das nossas antigas colónias e nos outros países que emergiram da era colonial. Não será assim na História que em Moçambique se ensina aos alunos? Fará sentido esperar que, em Luanda, o governo do país determine que passem a ser mostradas/ensinadas às crianças angolanas as matanças de brancos de 1961? Ou que, na União Indiana, se venha a ensinar às crianças que durante a Revolta dos Cipaios (1857) os indianos chegaram a crucificar mulheres inglesas? Será imprescindível ensinar coisas dessas no ensino básico? E imprescindível para quem? Para os alunos ou para os activistas?

Não há que mexer substancialmente nos manuais que — falo apenas pelos que conheço e sobre os quais escrevi — me parecem equilibrados e ajustados ao nosso país, ao ensino da sua história e às nossas populações escolares. Nada disto significa que, perante cada turma concreta, o professor não possa ou, até, não deva, dar mais relevo a certos assuntos, se assim o entender. Qualquer professor ou professora é livre de explicar aos seus alunos determinadas facetas negativas do império colonial português. Mas tal como há diferença entre omitir e ocultar, também a há entre referir e inverter. Os/as professores/as e os manuais não devem inverter aquele que tem sido o seu foco. Estão a ensinar História de Portugal, não a História woke de Portugal. Mais factos? Venham eles, desde que caibam no tempo lectivo, que não sirvam para apagar outros tão ou mais importantes e que não tenham sido seleccionados e manipulados por Carmo Afonso. História, sim; uma disciplina de contra-história, não.

 

João Pedro Marques

Publicado no OBSERVADOR