domingo, abril 13

Confronto entre polícias na Guiné-Bissau

Bissau, 13 Abril (Lusa):
O agente da Polícia Judiciária da guineense executado hoje por membros das forças de intervenção rápida da Polícia de Ordem Pública (POP) foi morto com três tiros e o corpo apresentava sinais de tortura, disse à Lusa fonte policial.
"O corpo apresentava sinais de tortura e três tiros, sendo um deles no coração", referiu a mesma fonte.
Vários agentes das forças de intervenção rápida mataram hoje por vingança um elemento da Polícia Judiciária (PJ) guineense, detido sábado à noite por aquela força judicial por ter assassinado duas pessoas, entre as quais um polícia da força de intervenção rápida.
Hoje de manhã, os colegas do agente assassinado sábado invadiram as instalações da PJ, em Bissau, onde se encontrava o detido e retiraram-no da cela, tendo-o depois morto e entregue o cadáver.
"A PJ procedeu conforme a lei", afirmou a fonte policial, sublinhando que "deteve o agente, que estava fora de serviço".
"A PJ estava a prosseguir com uma investigação normal no caso de homícidio, com o suspeito já detido", acrescentou.
"Mesmo sendo agente da PJ, como estava fora de serviço e como agiu como civil, foi detido", sublinhou a mesma fonte.
Questionado sobre os acontecimentos ocorridos hoje de manhã nas instalações da PJ, a fonte esclareceu que o comissário-geral da POP ameaçou hoje a directora-geral da PJ e os seus agentes, afirmando que lhes ia tirar as armas.
"Passados cerca de cinco minutos entraram mais de 20 elementos de intervenção rápida da POP, todos armados, que ocuparam as instalações da PJ", disse, sublinhando que os polícias bateram em alguns agentes da PJ, ameaçaram prisioneiros e arrombaram todas as celas a tiro.
"Depois de terem arrombado as celas todas, levaram o agente da PJ detido, que passado umas horas deixaram já cadáver numa valeta em frente às instalações daquela polícia", acrescentou.
Depois disto, disse a fonte, ainda procuraram a directora-geral da PJ, que foi protegida por outros agentes e impedida de sair do gabinete.
Outras fontes contactadas pela Lusa afirmaram que o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Martinho N`Dafa Cabi, terá dado ordens para todos os elementos da força de intervenção rápida envolvidos na invasão das instalações da PJ serem detidos, contudo, ainda não há informação oficial.
A ministra da Justiça, Carmelita Pires, e o ministro da Administração Interna, Certório Biote, dão segunda-feira uma conferência de imprensa conjunta.

Despacho do Ministro da Administração Interna de 27.03.2008

A adopção de medidas que respondam a novos fenómenos criminais aliando as forças e serviços de segurança que directamente zelam pela segurança da comunidade a outras entidades, públicas e privadas, tem-se revelado um instrumento válido para alcançar resultados positivos no desenvolvimento das políticas que visam o reforço da segurança interna.
A partilha de soluções e experiências, bem como a adopção de parcerias estratégicas entre o sector público e o sector privado, a melhoria da informação sobre este tipo de criminalidade e a boa articulação entre as forças e os serviços constituem uma mais-valia na prevenção e no combate ao carjacking.
O aumento de ocorrências criminais, no que concerne ao roubo de veículos na estrada com a utilização de violência, em particular com o recurso a armas de fogo, tem merecido especial atenção por parte do Ministério da Administração Interna e a pronta resposta por parte das forças de segurança e das entidades responsáveis pela investigação criminal.
Melhorar o conhecimento do fenómeno, assegurar uma mais eficaz actuação das polícias, promover a colaboração de várias entidades interessadas em prevenir e combater este tipo de criminalidade, em especial do sector dos seguros e da indústria automóvel podem contribuir para responder à questão fundamental: dar mais segurança aos cidadãos.
O Ministério da Administração Interna, em colaboração com outras entidades, está empenhado em impulsionar a adopção de medidas estratégicas e políticas concretas que contribuam o reforço do sentimento de segurança dos cidadãos.
As forças de segurança e demais entidades competentes devem recorrer a novas tecnologias de informação e comunicação, instrumentos essenciais no combate a este tipo de ocorrências, introduzindo soluções inovadoras ao serviço da segurança.
Deve ser incentivado o recurso a novas plataformas tecnológicas que permitem o uso integrado de vários sistemas complementares e interoperáveis, que podem incluir alertas, ferramentas de geolocalização e informação operacional que habilite a fácil detecção e identificação das ocorrências.
Também os cidadãos em geral devem ser chamados a colaborar, com medidas preventivas, formas correctas de reacção quando vítimas de crime e práticas de segurança pessoais.
Importa ainda potenciar a mais ampla utilização de informações disponíveis nas diferentes entidades, com vista a facilitar, dentro do quadro legal, a troca de elementos sobre o carjacking. Deverão ser agilizados e melhorados, igualmente, os meios de detecção precoce de casos deste tipo de crime, tornando mais célere a comunicação entre as forças de segurança, tendo em conta que muitos dos veículos são posteriormente utilizados noutro tipo de crimes.
Da mesma forma, a participação do sector segurador e da indústria automóvel, aproveitando o quadro da cooperação europeia e internacional, pode constituir uma boa oportunidade para a melhorar a detecção de fenómenos de falsificação e de tráfico transnacional de veículos.
Neste quadro, é importante criar um grupo de trabalho que inclua representantes das entidades públicas e das associações daqueles sectores, com vista a identificar, analisar e propor soluções que contribuam para prevenir os problemas atinentes ao aumento do crime de roubo de carros na estrada com a utilização de violência, em particular com o recurso a armas de fogo.
Assim, o Ministro da Administração Interna determina:
1 - É criado um grupo de trabalho com a missão de identificar e propor a planificação das principais acções a desenvolver, com vista a melhorar a eficácia na prevenção e no combate ao fenómeno do crime de roubo de carros na estrada com a utilização de violência, em particular com o recurso a armas de fogo, carjacking, dando prioridade a medidas de autoprotecção e informação, a formas de reforço da intervenção das forças de segurança, à utilização de novas tecnologias e aos meios de financiamento.
2 - O grupo de trabalho é composto por representantes designados pelas seguintes entidades:
a) Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna;
b) Secretário de Estado da Administração Interna;
c) Gabinete Coordenador de Segurança;
d) Guarda Nacional Republicana;
e) Polícia de Segurança Pública;
f) Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária;
g) Instituto Seguros de Portugal;
h) Associação Portuguesa de Seguradores;
i )Associação de Comércio Automóvel de Portugal
i) Associação Portuguesa de Leasing e Factoring.
3 - O grupo de trabalho integra um representante do meu Gabinete, que coordena, a quem incumbe, em especial, estabelecer relações com outros serviços e organismos da função pública, entidades públicas ou privadas, podendo estes participar nas respectivas reuniões ou actividades, quando necessário ou conveniente.
4 – O Grupo de trabalho elabora um primeiro Relatório no prazo de 30 dias e as conclusões e propostas, no prazo de 60 dias.
5 - Os elementos do grupo de trabalho não auferem qualquer remuneração, sendo o apoio técnico e logístico necessário ao desempenho da sua missão assegurado pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.
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Lisboa, 27 de Março de 2008
O Ministro da Administração Interna
Rui Pereira