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As almas cândidas dizem que na prevenção, e só na prevenção, está a salvação. A ideia é antiga e parte do pressuposto do filósofo Jean-Jacques Rousseau: o homem é naturalmente bom.
Rousseau podia dizê-lo porque nunca educou os filhos, abandonava-os.
Esta semana, tendo de educar os seus condutores, Lisboa dedicou-se à repressão. Pôs radares a funcionar. Choveram multas (a tal repressão) - mais de cem mil euros nas primeiras horas -, mas isso só provou o que se sabia: havia mesmo gente a correr mais do que devia. Ficava por saber: a repressão evita a condução louca? Frustra o crime? Acautela o risco? Enfim, previne? Essa era a questão.
Ontem, armei-me em repórter de guerra, vesti o meu colete de oito bolsos e fui para as ruas de Lisboa. Pois vi Lisboa pianíssima. Avisavam os letreiros "50", sublinhados a vermelho, e os condutores de Lisboa, antes dados à mecha, andavam agora ronceiros. Convenci-me: o cacete é eficaz. Agora, é caçar os pinta-paredes.
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Ferreira Fernandes
Ferreira Fernandes
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