Thursday, June 12

Troca de seringas: o que correu mal?

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Instituto da Droga vai realizar inquéritos à população prisional para perceber a falta de adesão ao programa.
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O presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) anunciou esta quarta-feira que vão realizar-se inquéritos à população prisional para verificar os motivos da falta de adesão ao programa de troca de seringas nas cadeias, escreve a Lusa.
«Vamos ter reuniões de avaliação para ver o que aconteceu. Essa avaliação será possível a partir de inquéritos passados à população prisional», afirmou João Goulão durante uma audição parlamentar pedida pelo CDS-PP para explicar as últimas políticas do IDT.
Segundo João Goulão, o alvo do inquérito serão os reclusos, os guardas prisionais e o pessoal de saúde.
«Gostaria de acreditar que não há potenciais utilizadores do programa em meio prisional, mas não acredito. Daí que alguma coisa poderá estar errada no desenho do programa ou na capacidade de gerar confiança por parte da população reclusa», afirmou o responsável do IDT aos jornalistas no final da audição na Comissão Parlamentar de Saúde.
Para o deputado comunista Bernardino Soares, «é muito importante encontrar medidas para diminuir a elevadíssima incidência de doenças transmissíveis por via do consumo de drogas no meio prisional, mas o Estado tem falhado na prevenção dessas políticas».
«Este programa não está a ter a receptividade que seria de esperar. É preciso analisar quais são as causas deste impasse e ver se é possível tomar medidas para que a situação seja alterada», afirmou Bernardino Soares aos jornalistas.
O Sindicato do Corpo da Guarda Prisional - que sempre se manifestou contrário à introdução do programa de troca de seringas no sistema prisional português - já colocou a hipótese de os detidos desconfiarem do sistema e recearem ser prejudicados quanto a saídas precárias, o que explicaria a ausência de adesão ao programa.
No entanto, a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) garante que o programa está assente no princípio da confidencialidade e que apenas os serviços de saúde devem conhecer a identidade dos detidos inscritos voluntariamente.
O programa de troca de seringas nos estabelecimentos prisionais foi lançado experimentalmente nos finais de 2007 nas prisões de Paços de Ferreira e Lisboa, com uma duração prevista de um ano.
Está previsto a DGSP apresentar ao Parlamento no final de Junho um relatório de avaliação intercalar sobre a aplicação do programa de troca de seringas nas prisões.

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Fonte: Portugal Diário.

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