Thursday, May 29

Se eu mandasse, proibia os sindicatos das magistraturas

António Marinho Pinto, Bastonários da Ordem dos Advogados, continuou anteontem à noite a sua cruzada contra os sindicatos que representam os juízes e magistrados do Ministério Público (MP). Para o bastonário, as estruturas sindicais "só existem para defender os interesses pessoais da classe, para terem menos trabalho e mais dinheiro ou privilégios".
O bastonário falou numa reunião promovida pelo Rotary Club de Ermesinde, perante outros convidados da área da Justiça. Marinho Pinto voltou a atacar a classe dos juízes e dos procuradores, a quem atribuiu as maiores culpas pelo "mau funcionamento da Justiça em Portugal". Marinho Pinto acusou ainda os juízes de tratarem os utentes dos tribunais, testemunhas ou arguidos como "servos ou criados".
"Se eu mandasse, proibia os sindicatos das magistraturas", afirmou Marinho Pinto, apontando como contrapartida o aumento salarial dos magistrados "para não serem aliciados". Sobre esta matéria, disse que "temos magistrados, por exemplo no futebol, a receber por baixo da mesa, através de cartões de crédito".
As palavras de Marinho Pinto foram ouvidas por um procurador do MP presente na sala e que reagiu. "Não sou sindicalizado, mas esse é um direito que me assiste", esclareceu Paulo Óscar. O procurador criticou o bastonário por não indicar as soluções para os problemas que atribui aos magistrados. "É como o Octávio Machado quando estava no Porto, que dizia: ‘Vocês sabem o que quero dizer’", referiu.
Respondeu ainda a Marinho Pinto quando este disse que os magistrados iam fazer os cursos e depois já mandavam nos tribunais. "Então e os advogados, tiram o curso, têm a carteira profissional e até podem ser os maiores tapadinhos", disse o procurador do MP.
O debate abordou ainda o funcionamento dos tribunais e o novo mapa judiciário.
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Fonte: Correio da Manhã de 29.05.2008