Sunday, May 11

Barricou-se no tribunal para poder ver o filho

Um homem armado barricou-se, ontem, durante cerca de três horas, no Tribunal de Gaia, onde ameaçou uma juíza do Tribunal de Menores por causa de um processo de regulação paternal.
Alegadamente, o indivíduo de 33 anos está em processo de divórcio e não vê o filho de 12 anos há 17 meses, tendo-se deslocado ao Palácio da Justiça para entregar um requerimento. Carlos Marinho acabou por entregar-se sem oferecer resistência, cerca das 18.15, após longo diálogo com os três negociadores, disse Marco Almeida, sub-comissário da PSP.
A situação rodeou-se de um grande aparato policial, entre elementos da PSP, PJ e INEM. De tal forma, que até mesmo o director da PJ/Porto, Baptista Romão, e o comandante da PSP do Porto, Gomes Pereira, estiveram no local.
"Foi tudo muito rápido, só me apercebi do que estava a acontecer quando a juíza começou aos berros e correu para a Secção [do Tribunal de Família e Menores] e se escondeu debaixo da mesa", contou ao DN uma funcionária judicial. Segundo Judite Guimarães, o indivíduo foi atrás da juíza e apontou-lhe a arma, enquanto esta dizia "não é nada comigo" por não estar encarregue do processo em causa.
"Tinha a arma virada para as duas e tinha no bolso um dispositivo que parecia uma bomba [o que acabou por ser desmentido pela PSP, que apenas confirmou a existência de uma arma].
Entretanto mandou sair toda a gente e ficámos lá as duas", explica ainda Judite Guimarães.
"Eu não sou nenhum monstro", terá dito Carlos Marinho, que entretanto saiu da sala e abriu caminho para que juíza e funcionária fugissem.
O edifício foi evacuado pela polícia e o homem ficou sozinho na Secção do Tribunal de Família.
Ao local acorreram dois irmãos, que estavam dispostos a entrar para convencê-lo a sair, mas o barricado não quis falar com eles. Segundo o irmão, Carlos "tem um filho de 12 anos e já não é primeira vez que faz este tipo de coisas. Foram actos com menos impacto, mas que também meteram policia", afirmou sem especificar.
O homem acabou por entregar-se sem oferecer resistência e sem quaisquer exigências, na sequência do trabalho desenvolvido por um grupo de três negociadores da PSP. No final, o sub-comissário Marco Almeida explicou que "após um processo de negociação, foi possível interceptar o indivíduo que foi agora conduzido para as nossas instalações". "A intercepção foi pacífica e não houve resistência", adiantou ainda marco Almeida, confirmando que o que despoletou a situação foi um processo de regulação do poder paternal". Disse também que a polícia ainda desconhece as características da arma usada.
Questionado pelos jornalistas sobre a facilidade com que um homem armado consegue entrar nas instalações do tribunal, Marco Almeida explicou que "não há detectores de metais" naquelas instalações judiciais e que o indivíduo "entrou como um cidadão normal" e que apenas são revistadas as pessoas que vão assistir a julgamentos. Disse também que dois elementos da PSP prestam serviço diário neste Palácio da Justiça.
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Fonte: Diário de Notícias de 09.05.2008
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