Thursday, June 21

Turismo para transplante de órgãos

O aumento do chamado "turismo de transplantes", em que cidadãos de países ricos viajam para outros com tecnologia avançada, mas com legislação pouco rigorosa em matéria de doação de órgãos, foi ontem motivo de alerta pelo relator da ONU sobre venda de crianças, prostituição e pornografia infantil, Juan Miguel Petit.
O especialista falava em Genebra onde, no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, encorajou todos os países a aprovarem leis e normas que regulem claramente o transplante de órgãos e tecidos.
O responsável, que considerou Espanha como "um país modelo para todo o mundo no que diz respeito a transplantes de órgãos", disse que este "novo fenómeno" ocorre especialmente em "alguns países asiáticos com uma legislação particularmente permissiva, mas com tecnologia muito avançada".
Para Petit, a diferença entre a procura e a oferta é "cada vez maior e a pressão para conseguir órgãos aumenta".
A procura fez com que "nos últimos anos, as organizações delituosas internacionais dessem conta do aspecto lucrativo deste mercado negro e do nascimento do turismo de transplantes".
Na sua opinião, "o desenvolvimento do turismo de transplantes foi impulsionado pela vulgarização do uso da Internet".
Acrescentando que "muitas pessoas estão dispostas a viajar para conseguir um transplante, sem repararem como obtiveram o órgão e sem saberem que a operação não oferece garantias médicas, uma vez que nem o doador nem o receptor são seguidos posteriormente".
Petit explicou que um dos principais problemas do tráfico de órgãos de crianças é que a obtenção de provas acarreta muitas dificuldades.
"Os conhecimentos que se têm sobre este tráfico de órgãos continuam a ser escassos, por abundarem os rumores e o falatório.
A maioria das histórias de tráfico infantil surgiu espontaneamente como mitos urbanos", lamentou.
Recordou que, em 1994, vários norte-americanos foram atacados em Guatemala devido a rumores infundados de tráfico de crianças para utilizar os seus órgãos em transplantes."
Desde então, os meios de comunicação denunciaram outros rumores desse género no Azerbeijão, Moçambique, Brasil e Índia" - acrescentou - "mas nem toda a informação obtida se pôde confirmar".
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